quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Violência doméstica

Violência doméstica
Quando se trata de violência doméstica entre o casal, é importante sublinhar que nem sempre começa logo com um estalo, ou um empurrão. Há casos em que uma das partes é imediatamente surpreendida após o casamento com um valente estaladão, mas na maioria das vezes começa com o desprezo.


O desprezo é a maneira mais eficaz de começar a destruir a auto estima da outra pessoa, de modo a que esta sinta que não tem valor. No entanto existem várias técnicas de intimidação que são comuns ao perfil do “agressor padrão”. Vou então enumerar algumas destas estratégias que são os sinais de alerta mais evidentes, de que problemas maiores se avizinham:


- Entrar diariamente em casa de mau humor e deixar bem claro que não está para conversas.


À mínima pergunta que lhe façam responde de forma rue: “Eu não disse que estou cansado(a)?!”. O mau humor, (que desaparece se alguém telefona ou bate à porta) é uma estratégia de intimidação.



- Proibir a autenticidade da outra pessoa.


Começa com proibições ao nível do vestuário e cuidados básicos de higiene e beleza. Muitos homens proíbem as esposas de se maquilharem, ou de usarem joalharia. Sei do caso de uma senhora que chegou a proibir o marido de usar perfume e apontava os quilómetros do carro!!! Depois estende-se aos hobbies e gostos pessoais. Tudo o que a outra pessoa gosta é “ridículo”! A ideia é matar a identidade de modo a que se sinta cada vez mais dependente do seu agressor.


- À medida que a pessoa vai estando cada vez mais dominada, podem surgir frases do género:


“Endoideceste e precisas de ajuda!”, “Não tens capacidade para educar os nossos filhos, qualquer tribunal vê que és histérica(o)”, “És mentirosa(o) compulsiva(o) e toda a gente sabe disso”, etc. A “técnica” do “toda a gente” é para vincar ainda mais a “inferioridade e incapacidade” da vítima. Mas afinal quem é toda a gente? Não é ninguém, só mesmo o agressor e os seus demónios.

- Mandar calar constantemente:


“Vê lá se te calas!”, “Cala-te e vai para outra divisão!”, “Só dizes porcaria!”, “Faz um favor à humanidade e não fales!”, “Já viste que toda a gente acha que não dizes nada de jeito?”, “Espera, espera, vais falar? Aguenta-te ok, aguenta-te!”.



- Outra estratégia é começar a dizer que tem que adoptar esta atitude porque o outro é uma maldição, que na verdade até devia reconhecer que o agressor sempre teve razão e que se lhe tivesse dado ouvidos, hoje ambos poderiam ter uma vida melhor:


“Tu és a maldição da minha vida!”. A minha pergunta é, se sente que está assim tão amaldiçoado(a), porque é que não liberta a pessoa de vez?



- Quando os agressores são eles, também implicam com a limpeza da casa, com a comida, com a roupa que não está passada, com o modo como veste e alimenta os seus filhos, etc.


Quando as agressoras são elas, a embirração tem mais a ver com os relacionamentos e aparência do companheiro. Há porém um aspecto comum para ambos os casos que é o isolamento da vítima. Desligá-la dos seus amigos, familiares e se possível até dos colegas de trabalho.




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